sábado, 13 de abril de 2013

In violent times.

   

Hoje pensei no destino. No meu destino. Percebi que a vida é como uma vela acesa; é tão linda, mas tão frágil, que no mínimo dos assopros aquela faísca que ali existia se esvai - e com aquela incandescência que uma hora foi cheia de vida, se vai também sua beleza. Será que esse fio de vida, aquela chama instável, é regida pelo destino? Ou é, também, regida pelos assopros acidentais?
      De repente, no meio de todos os meus pensamentos acerca do que é destino e o que é acidental na vida das pessoas, me sinto acuada. Sentada no tapete do meu quarto, percebi o quanto a vida é instável. Uma hora está tudo ali: a certeza de estarmos vivos, a sensação tangível da carne, pele, vivências; e em uma outra hora, a única certeza que temos é que a qualquer momento alguém fecha os lábios e assopra. E puft - tudo se foi.
      Tenho um sentimento de que tudo que passamos na vida nos ensina algo. Claro, quando a vida nos aperta, nos deixa com aquele sentimento tão próximo de um assopro, não conseguimos ver, atrás da sobra cegante dos problemas e mais problemas, que aquilo é uma vivência; um aprendizado. Quando tudo passa, a vista clareia, e vamos percebendo a fumaça antes existente se esvaindo; paramos, sorrimos.
      Passei tempos cega por essa tal nuvem, essa sensação de não ver um palmo além do que está nas fuças.  Logo que tudo isso passou, pude ver o que queria me dizer esse tempo todo. No final, isto foi um ensinamento que não se dirigiu só a mim, mas a todos que se viram no meio da mesma fumaça.
      O que aprendi foi que, infelizmente, não sou eu que detenho controle sobre a minha vida. Sobre a minha existência. É amedrontador saber que hoje, o nome Marina Rappa Neves sou eu; são meus cabelos escuros, são minhas manias, são meus filmes e músicas preferidos, são meus defeitos - todos eles, e amanhã esse nome pode ser uma lembrança que alguns terão de mim. E não eu. Meu nome amanhã pode ser uma fotografia.
      Creio que tenho uma visão muito ocidental da morte. Tenho medo. A pura verdade é que eu morro de medo de tudo que é desconhecido; eu enfrento, mas o sentimento de não conhecer o que está por vir, da escuridão adiante, da tal cegueira, é aquele tipo de medo que você sente subir pelo dedão do pé, e que quando chega no peito e ali não cabe mais, você percebe que deve respirar, pois está sem ar.
      Tenho medo da dor.
      Talvez seja só uma visão minha, ou talvez, leitor, você não esteja fazendo ideia do que falo - pois logo perceberia que isso tudo não se passa de ideias que vêm e se vão na minha cabeça. O que eu, em certo momento de lucidez, percebi foi que a vida é algo tão efêmero quanto a chama vívida de uma vela. Uma hora, por descuido - ou destino - ela se apaga.
      São tempos difíceis.
      Tempos de aprendizado.